PREVENÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS

Uma em cada dez pessoas são portadoras de algum tipo de deficiência, portanto a prevenção das deficiências deve interessar a todos os cidadãos. A medicina, psicologia e a educação nos indicam uma eficiente alternativa para diminuir este índice de deficiência: A Prevenção!

Experiência internacional tem demonstrado que o modelo centrado no tratamento e não na prevenção se tornou insustentável em quase todas as partes do. Um avanço no processo educativo do país, junto da prevenção, se torna necessário, para assim se conseguir a redução dos índices da deficiência.

Prevenir é uma necessidade urgente e pressupõe o conhecimento das causas da deficiência ou situações de risco capazes de gerar mais crianças deficientes.

O objetivo deste projeto é propiciar ações de conscientização junto aos diferentes segmentos sociais, visando o desenvolvimento de uma ampla cultura de prevenção de deficiência atuando nas comunidades, nas ruas, nas escolas, unidades de saúde, empresas, mídia, promovendo assim uma grande parceria.

Os conteúdos do mesmo são voltados para as práticas existentes a respeito da prevenção das deficiências; suas causas; conceituando o que é prevenção; sua importância; análise do papel docente enquanto agente informativo e contribuições destes para com a prevenção das deficiências.

Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que existem aproximadamente quinhentos milhões de pessoas com deficiência no mundo e que 70% das deficiências poderiam ser evitadas. Faz-se necessário ressaltar aqui que várias ações de prevenção tem custo irrisório comparado com a reabilitação e com o tratamento.

As ações preventivas devem ser fundamentadas no investimento em Saúde, Alimentação, Habitação, Trabalho e Lazer, como princípios básicos de exercícios de cidadania.
TIPOS DE PREVENÇÃO:
Segundo Corde (2004), a ação preventiva dos atrasos ou distúrbios de desenvolvimento pode ser conduzida em três níveis:
Prevenção Primária: tem como objetivo promover a melhoria na condição de vida da população por agências político/sociais de forma a garantir saúde, educação, trabalho e moradia. Assim sendo, o objetivo é reduzir a incidência de novos casos. A prevenção primária implica em alterar as condições para um subgrupo particular considerado como de risco.
Este nível envolve a prevenção da ocorrência da deficiência intelectual.
Pode ser universal (prevenção desejável para todos), restringida a uma população selecionada (prevenção recomendada para grupos de alto risco) ou a uma população indicada (prevenção nos indivíduos com um risco identificado).
Os esforços primários são dirigidos para reduzir a ocorrência real da deficiência intelectual e envolvem as medidas que impedem a concepção de um indivíduo deficiente. Entre elas, podemos citar:
– Aconselhamento genético;
– Programas de imunização;
– Melhora no cuidado de saúde pré-natal, perinatal e pós-natal;
Prevenção Secundária: nesta, a criança já foi exposta às condições adversas e as intervenções são feitas para reduzir e/ou eliminar a duração ou a severidade dos seus efeitos.
As estratégias secundárias de prevenção visam a limitar a progressão da deficiência intelectual. Essas medidas fornecem a identificação precoce da deficiência, seguida pelo tratamento e pela intervenção, a fim de minimizar o seu desenvolvimento. Tais estratégias podem ser aplicadas no nível pré-natal ou neonatal.
A triagem neonatal (exames realizados em recém-nascidos, com o objetivo de diagnosticar distúrbios específicos para que sejam tratados) inclui exames clínicos e bioquímicos capazes de oferecer diagnósticos preventivos e medidas imediatas, como, por exemplo, dietas específicas.
As novas medidas de prevenção secundária, a exemplo da manipulação genética ou cirurgias intrauterinas, estão sendo tentadas com um considerável grau de sucesso na erradicação de anormalidades bioquímicas ou anatômicas, já sendo a primeira uma realidade no tratamento de doenças 4congênitas de coração, fissura congênita do lábio superior e palato, deslocamento congênito do quadril e outras.
Prevenção Terciária: a condição de atraso no desenvolvimento já está instalada e os investimentos são feitos para minimizar as condições, desenvolvendo ações que resultem em maior independência e autonomia do indivíduo.
A prevenção terciária visa prevenir complicações da deficiência intelectual e a reabilitação. Envolve o cuidado e a gerência em longo prazo de uma condição crônica, por exemplo, reabilitação ou correção da inabilidade por medidas cirúrgicas ou adotando as estratégias que permitam à pessoa deficiente conduzir uma vida normal ou próxima do normal. Essas medidas incluem também programas de educação especial.
DEFICIÊNCIAS NO BRASIL
Tipos de Deficiências:
– Deficiência Intelectual: Funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
Surdos (com surdez grave ou profunda). Apresentam perda da audição em tal grau que impede a percepção da voz humana, necessitando de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para aquisição da comunicação (surdes congênita ou perda da audição em tenra idade).
Parcialmente Surdos: (com surdez média) ou hipoacústicos. Embora com perda de audição, podem perceber a voz humana, apresentando dificuldades de compreensão da mensagem e de expressão oral, necessitando de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento da linguagem.
Deficiência Física não sensorial; problemas físicos com alterações ortopédicas e/ou neurológicas, necessitando de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para sua educação.
Deficiência Múltipla; mais de uma deficiência nas áreas sensorial, física ou mental.
CAUSAS DAS DEFICIÊNCIAS
É necessário conhecer as causas e manifestações das deficiências, para saber como evita-las.
– Fatores de Risco e Causas Pré-natais: O período pré-natal corresponde à fase que vai do momento da fecundação até parto, e dura cerca de nove meses na espécie humana. As interferências que ocorrem nesse período podem ser decorrentes de fatores genéticos e ambientais, consistindo nos fatores mais importantes na etiologia da deficiência intelectual. São importantes, pois, embora o cérebro da criança sobreviva aos efeitos de diversos agentes nocivos, estes, no entanto, nem sempre são inócuos.
– Fatores genéticos: Praticamente qualquer estado, incluindo a deficiência intelectual, é o resultado da ação combinada de genes e do ambiente, mas o papel relativo do componente genético pode ser grande ou pequeno.
Dentre os distúrbios causados total ou parcialmente por fatores genéticos, reconhecem-se três tipos principais:
– distúrbios amonogênicos;
– distúrbios multifatoriais;
– distúrbios cromossômicos.
– Fatores ambientais: A gestação envolve uma série de relações entre o bebê e seu ambiente, representado pela bolsa amniótica, útero, corpo da mãe e meio externo.
As eventuais influências negativas desse ambiente podem modificar o desenvolvimento embrionário normal, resultando em malformações, sofrimento fetal, morte fetal, entre outros. De acordo com Moura (1993), essas influências podem ser agrupadas da seguinte forma:
Doenças causadas por vírus: Rubéola, Citomegalovírus, Hepatite, Varicela e Sarampo.
Doenças causadas por bactérias: Sífilis.
Doenças causadas por protozoários: Toxoplasmose, Doença de Chagas e Malária.
Doenças endócrinas: Diabetes melito e Disfunções da Tireoide.
Doenças carências: A desnutrição materna representa desnutrição fetal. Os efeitos mais significativos aparecem quando a desnutrição ocorre na última metade da gravidez.
A criança apresenta baixo peso ao nascer e risco de vida, no primeiro ano.
Características maternas: Algumas características maternas podem influenciar o desenvolvimento embrionário, nele provocando alterações, como, por exemplo, uma maior incidência de Síndrome de Down em mães acima dos 35 anos de idade. Em adolescentes, o risco de aborto e prematuridade são mais elevados.
Influências do meio externo: Muitas substâncias utilizadas em certas atividades humanas ou lançadas no ambiente pelas indústrias e pelos automóveis podem causar sofrimento fetal, na medida em que intoxicam o organismo materno. Fatores físicos, como os raios X e outras formas de radiação, podem determinar o aparecimento de anormalidades, como deficiência auditiva, fissura labial e palatina, deficiência visual, microcefalia, defeitos genitais e deficiência intelectual. A radiação age por meio de mutação gênica, alterações cromossômicas e danos celulares, sendo o período entre a segunda e a sexta semana de gestação o mais suscetível à ação radiativa.
Intoxicações pré-natais: Medicamentos; Fumo; Álcool e Drogas Psicotrópicas.
Fatores de Risco e Causas Perinatais: O período perinatal é a fase correspondente ao momento do nascimento ou imediatamente após, envolvendo toda a problemática decorrente do atendimento materno-infantil.
Anóxia neonatal: A anóxia neonatal é uma das maiores causas de deficiência intelectual, no Brasil. É um quadro relativamente frequente, principalmente em trabalhos de parto normal inadequadamente conduzidos.
Traumatismo obstétrico: Os traumatismos obstétricos são representados principalmente pelos traumas de parto por uso inadequado de fórceps e as consequentes lesões físicas por eles provocadas.
Prematuridade: De acordo com Noveallo et al. (1992), crianças pré-termo, com baixo peso ao nascer, apresentam um risco de sete a dez vezes maior de desenvolverem problemas como paralisia cerebral, deficiência auditiva e deficiência intelectual, em relação a crianças a termo com peso acima de 2500 g. Quanto mais baixo o peso de nascimento, maior a probabilidade de as crianças desenvolverem problemas com sequelas de difícil reversão.
Fatores de Risco e Causas Pós-Natais: As causas pós-natais são as que atuam após o nascimento. Incluem causas microbianas, desnutrição, carências, intoxicações, traumatismos crânio encefálicos, fatores ambientais, familiares e condições socioeconômicas.
Infecções: Sarampo, Caxumba, Herpes e Meningite.
Traumatismo crânio-encefálico: Pode ser causado por acidentes de trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia e quedas em geral, levando a um quadro de deficiência intelectual.
Fatores nutricionais: Outros fatores, como a desnutrição, a desidratação grave, a carência de estimulação global podem deixar reflexos negativos sobre a inteligência. A criança apresenta dificuldades em discriminações visuais, auditivas e táteis e para fazer generalizações.
Fatores químicos: Referem-se a fatores tóxicos que causam lesão cerebral na criança, tais como intoxicações por chumbo e mercúrio, medicamentos, inseticidas e outros produtos químicos.
Privações diversas: Privações sensoriais, familiares e sociais devem ser vistas com cuidado, uma vez que são de difícil diagnóstico; entretanto, podem interferir no desempenho cognitivo.
Causas Desconhecidas: Em serviços especializados de diagnóstico de deficiência intelectual que contam com todos os recursos possíveis, esses índices representam 28,0% – 30,0% dos casos. São inúmeras as causas e fatores de risco que podem levar à instalação da deficiência, sendo importante ressaltar que, muitas vezes, mesmo utilizando sofisticados recursos diagnósticos, não se chega a definir com clareza a sua etiologia.
Texto faz parte do Projeto Prevenção do Need-Instituto Yara Angelini
Para saber mais detalhes entre em contato pelo site.
11/02/2014

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